Rio Plural
O escritor Marques Rebelo disse que uma cidade é feita de muitas cidades. Neste sentido, as cidades que formam o Rio de Janeiro – de formas tensas e intensas – interagem o tempo todo com o vigor da pluralidade inscrita nas diferenças e encontros que forjaram a cultura popular carioca.
Nós vivemos, afinal, na terra dos tamoios que, virando cidade, assistiu ao encontro entre todos os povos do Congo e de Angola, que aqui interagiram com gentes de tantas áfricas, para, ao lado de minhotos, beirões, alentejanos, algarvios, transmontanos, açorianos, madeirenses, italianos de procedências várias, judeus e ciganos da Praça Onze, inventar os Rios.
Uma das cidades que somos é aquela criada pelos que chegaram nos tumbeiros para rufar seus tambores pela noite grande, riscando o asfalto com a ginga do samba, subindo o São Carlos e as escadarias da Penha, bradando revividos em seus cavalos nas matas e cachoeiras, celebrando seus mortos na palma da mão.
Que ela seja, também, como as outras, cantada e encantada nos lugares de memórias cariocas.